quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O Capitalismo 24/7 e o sono indolente.

Os efeitos entorpecentes de um cotidiano saturado de imagens.


Este ensaio baseia-se no livro do Jonathan Crary - 24/7 Capitalismo tardio e o fim do sono.



Pintura Os moinhos de Algodão de Josepf Wright of Derby - considerado o primeiro pinto que expressou o espirito da Revolução Industrial. 


Vivemos sob o espectro de um rede de observação permanente, as telas e displays são capazes de contabilizar nossos interesses por meio do nosso olhar e sequências visuais. Logo, aquele que dorme consegue se obter do capitalismo 24/7 a inércia do sono se coloca contra qualquer possibilidade de financeirização. 

A pintura acima demonstra um período de inquietude em meio ao bucólico cenário rural, no fundo da pintura se nota a presença de prédios em cenários que coexistem. Prédios e tijolos em uma paisagem de bosque, ou seja, a manufactura não extinguiu os ritmos diurnos, os laços sociais. Estamos em um mosaico de espaços na mesma realidade complexa. A 2° Guerra mundial cumpriu este caracter  de tornar uma população que saia da guerra "indisciplinada" em seres amorficos. A televisão surge como um grande instrumento destinado a este fim ao liga-la não temos qualquer tipo de descarga, os tempos são compostos e preenchidos de maneira passiva. 

"Agências de polícia da ordem global só podem agradecer a preferência dos ativistas pela concentração de sua organização em torno de estratégias ligadas à internet, por meio das quais voluntariamente se arrebanham no ciberespaço, onde vigilância estatal, sabotagem e manipulação são muito mais fáceis do que nas comunidades e localidades reais onde encontros reais ocorrem. Se o objetivo é a transformação social radical, as mídias electrónicas em sua forma atual, amplamente disponíveis, não são inúteis — mas apenas quando são subordinadas a lutas e encontros que ocorrem em outro lugar. Se as redes não estão a serviço de relações já existentes, forjadas a partir de experiências e proximidade compartilhadas, apenas reproduzirão e reforçarão as segregações, a opacidade, as dissimulações e o interesse próprio inerentes ao seu uso" (Crary, 65).

Quais são os tipo de encontros possíveis hoje? Invertemos a práxis pela prática inerte de partilha por meio das redes sociais. Há alguns que, sacrossantos, colocam as redes midiaticas como a nova forma de organização atual. A meu ver isto é impossível e nada substitui a realidade no seu dinamismo, ainda que cada vez mais resumido ao trabalho interminável. Toda a sociabilidade que não se esgota ao mero interesse individual acaba por ser esgotar perante o mundo digital inevitavelmente fantasmagórico em que nada se explica apenas se reproduz. 

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