quinta-feira, 8 de março de 2018

Maria José dos Santos Stein: uma vida dedicada à solidariedade e à luta pelos direitos das mulheres


No dia 08 de Março relembro a história de uma grande mulher lutadora que inspirou e inspira muitas outras.






Maria José dos Santos Stein, minha tia, carrega o nome de um hospital em Santo André (SP). Conhecida por sua solidariedade, participava ativamente da política por meio da Juventude Operária Católica, juntamente com seu companheiro Elias Stein. Começou a trabalhar aos 14 anos em uma tecelagem, onde teve contato com as dificuldades das mulheres. Logo ingressou na JOC (Juventude Operária e Católica), onde participava das reuniões e confraternizações.
Nascida em Garça, chegou à Santo André ainda menina, carregando consigo uma carga nada leve: a história de uma família militante. Seu pai, Salvador dos Santos, abrigava  presos políticos em sua casa em época dura e de repressão. A vitalidade de Maria José foi levada a cabo nos desafios da luta pela saúde pública sempre ligada ao movimento operário e de mulheres como liderança da Fé-minina Movimento de Mulheres de Santo André e Movimento de Saúde, conforme relatado no livro As Operárias do ABC

Fui descobrindo porque eu era revoltada, o que realmente a fabrica tinha tirado de mim. Tinha tirado a possibilidade de me realizar. Mas que não era só. A minha descoberta foi a seguinte: que não era só de mim que ela tinha tirado, mas que era de todos os meus companheiros e companheiras (In GARCIA, IVETE, 2007, p.43).


 Maria José dos Santos Stein, faleceu em 2005, por deficiência no intestino, tem histórico de militância ligado à família, que participava ativamente da Sociedade Amigos de Bairro, da Igreja Nossa Senhora das Graças. 
Em conversa com sua filha Laura dos Santos Stein, rememoramos essa data a partir da experiência de nossa família, que foi para nós uma inspiração. Diz ela que demorou a entender àquela mãe que nunca estava em casa, mas que quando compreendeu sua ausência passou a ter certeza de que teve muita sorte nesse encontro familiar. 
Ainda me recordo da Tia Maria me dando conselhos e mimos, aos domingos, quando íamos à sua casa. Sua ausência familiar se dava a partir da doação ao outro e a luta por um mundo melhor, o sonho de um SUS (Sistema único de Saúde) humanizado para que as mulheres tivessem mais direitos. Conversava com as coletoras de papelão para que montassem uma cooperativa... tantas coisas, tantas lutas. Relembramos...
Mesmo aos 60 anos e cansada, Maria José saía cedo para pegar o ónibus para o trabalho e voltava tarde da noite, dizendo “hoje teve reunião do fé-minina, hoje teve orçamento participativo, hoje tem reunião da comissão da saúde”. Ela subia o morro, em todos os sentidos e nos carregou juntas. Nos 80 e 90 sua luta em conjunto com outras mulheres por um sistema de saúde humanizado lhe concedeu a homenagem de levar o nome do hospital, que, fundado em agosto de 2008, Maria José não teve tempo para ver tamanho reconhecimento.
No seu velório, em 2005, apareceram todos estes sentimentos plantados em cada uma das pessoas que teve contato com ela. Chegavam muitas coroas e a Prefeitura de Santo André disponibilizou uma carrinha para levar tantas flores e homenagens recebidas. Apesar da vida, na sua dialética que nos aproxima e nos distancia, o que sentimos hoje é a gratidão por ter nascido em uma família que nos deu valores humanos tão raros e que também suscita nossa atuação nesse mundo carente de lutas e, principalmente, de lucidez.

Referências

terça-feira, 6 de março de 2018

Foro de Mujeres - Cuenca


Faltando dois dias para a data oficial internacional da mulher, realizou-se um Fórum na Cidade de Cuenca no Equador.  O intuito era a discussão acerca dos avanços realizados na cidade a partir das políticas implementadas, o evento contou com a presença de 4 mulheres. 



Ao chegar lá percebi que muitas haviam muitas mulheres, foi interessante, representando associações de bairro, mulheres de paroquias e de comunidades. As apresentações das representantes foram bem enfadonhas, tocaram em pontos que são comuns na maioria dos textos pelo mundo como; desigualdade salarial, desigualdade em espaços públicos e acessos aos estudos e ao trabalho. Apesar da repetição, tais pontos possuem sua importância tendo em vista que as disparidades permanecem. O que mais me chamou atenção  em tudo que ouvi foi o descolamento do discurso com as mulheres que ali se encontravam. Algumas fizeram sua apresentação em PowerPoint com textos enormes completamente desinteressante para muitas mulheres que talvez quisessem uma apresentação mais objetiva e limpa. Destacaram programas do governo como o "Impulso mulher" que capacita mulheres para as diversas áreas do mercado e da "Casa Violeta" que recebe mulheres que passaram por situações de violência, ao fim todas pareciam entediadas  com a falta de vinculo entre suas realidades e a exposição, bem como ao tempo dedicado a fala de cada uma.