quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Mensagem de ano novo


Num ato de lucidez um amigo Paulo Alves Lima redigiu uma mensagem de ano novo




Não será demais afirmar estarmos todos de ressaca após a turbulência destes dois últimos anos. Assistimos, mais uma vez, impotentes, o alçar voo dos predadores unidos. Mais uma vez fomos espancados em atos e palavras pelo estado e suas instituições jurídicas, políticas e policiais, assim como por catadupas de abaixo assinados de sindicatos e associações de capitalistas a estampar a indissolúvel unidade dos donos do capital em todas as mídias.
O frágil do equilíbrio político foi destruído por seus próprios e gabaritados predadores em ambos os pilares de sua sustentação. Predação essa que respondia à nova ofensiva revolucionária da contrarrevolução. A frágil teoria das oposições liberais caiu por terra diante da implacável luta de classes. Os revolucionários anti-capital, em sua insignificância fragmentada, assistimos atônitos ao alastrar-se da estupidez violenta e boçal a prometer perseguições, revanche e morte, supostamente enterradas.
Aos desavisados pareceu tais fatos renascerem das sombras, porém o certo é que a contrarrevolução jamais havia sido derrotada e, pior, prosseguia sua marcha através da democracia política por ela desde sempre controlada.
Completar-se-ão, a partir da eleição democrática do candidato da ultradireita, os supremos objetivos da contrarrevolução de 1964. Os neoliberais sociais nada mais ofereceram contra a revolução na contrarrevolução do que acompanhá-la na mesma estrada derrotada, depois de aceitarem o cativeiro de sua figura máxima. Empurraram seu tanto a emancipação social dos trabalhadores e da nação, mas aceitaram a forma legal do golpe e o indiciamento sem provas de seu líder máximo. Não se sublevaram contra o estado de exceção.

Fonte - http://latitudeslatinas.com/assista-a-animacao-sobre-a-revolucao-haitiana/

A revolução na contrarrevolução, ao que tudo indica, não passa de ser um movimento dos temerosos com o fim do capitalismo, temerosos à liberdade. Afinal, o seu campo histórico está em franco retrocesso. OS EUA perdem hegemonia, a Igreja Católica não mais se curva automaticamente à política externa imperialista, o campo mundial das liberdades não para de se expandir, apesar da contrarrevolução mundial e regional ainda ser forte em torno dos apetites das multinacionais. Daí a contrarrevolução mundial, no campo ocidental, haver criado um campo religioso adequado aos seus desígnios reacionários, o neopentecostalismo de resultados, pró-capitalista e neocolonial. Ao que tudo indica, os tempos vindouros serão de reação da ultradireita à catástrofe capitalista. Ao proceder ao desmanche do estado nacional, em aras do alinhamento o maior possível com a potência decadente, a ultradireita cava um futuro de não retorno, prepara a revolução democrática de amanhã.
O retorno da independência ao seu estágio mais neocolonial que jamais, indica que a república forjada pela contrarrevolução de 64 alcançou o seu limite histórico. A luta por uma nova república será a luta por uma nova independência, desta vez a exigir caráter popular e anticapitalista. A revolução bolsonária não passa de ser um uivo irracional desde o coração da impotência subordinada, em trânsito neocolonial expandido, a expressar uma nova e impossível via de salvação do capitalismo da miséria. Seu tom dramático e patético expressa o desespero diante da inviabilidade de uma sociedade fadada a produzir e reproduzir sua miserabilidade, expressa o desejo impotente de espantar os fantasmas que a assediam, por via ideológica irracional. Como um curandeiro a ousar pateticamente substituir a ciência para salvar um paciente incurável.
Mais do que nunca devemos prosseguir nosso caminho de educação dos trabalhadores, de produção teórica corajosa e de forjar a unidade do campo emancipador, com todos os seus matizes. Nossa capacidade de produzir unidade estará à prova, ou seja, nossas habilidades diplomáticas, além das teóricas, serão vitais para nossa existência enquanto organização. Estas serão as nossas tarefas para os tempos vindouros. Espero que as abracemos com presteza, força e coragem.