quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Werner Reich - o sobrevivente do Holocausto






Foto Elaine Santos 

Em tempos onde o conservadorismo cresce mundialmente junto com os valores de odio e de intolerância, voltemos a falar do sepultamento da humanidade do período nazista. No dia 23 de outubro ouvimos com atenção a Werner Reich um dos sobreviventes do holocausto, ficou conhecido como o “Mágico de Auschwitz”, no auditória da Reitoria da Universidade de Coimbra. Atualmente com 92 anos de idade, Werner, era uma criança quando foi levado ao campo de concentração Auschwitz-Birkenau em 1944.


Certamente o dia 23.10 ficará marcado na memória daqueles que estiveram presentes no auditório da Universidade de Coimbra e puderam ouvir o relato do homem que sobreviveu ao extermínio sistematizado e burocraticamente organizado de todos os considerados impuros, não alemães.




Fotografia: © Newsday / J. Conrad Williams, Jr

Em um auditório com mais 500 pessoas, Werner foi recebido com ansiedade por muitos dos jovens estudantes que ali estavam presentes, muitas assistiram o evento do lado de fora. Segundo o organizador do evento, ele aceitou falar com a condição que seu relato chegasse aos jovens. Atualmente avô e vivendo nos Estados Unidos, Werner relatou que passou a ser conferencista como maneira de garantir que aquela tragédia jamais fosse esquecida.

Nascido em 1928 foi enviado aos 16 anos ao campo de concentração em Auschwitz Birkenau local onde 6 mil judeus foram executados. Como judeu fez parte de um grupo denominado Birkenau Boys, que formavam os 96 escolhidos a esmo por Dr. Josefe Mengele, que era médico e passou a ser conhecido como o “anjo da morte” ou “anjo branco” e escolheu Werner para executar trabalho escravo e foi assim que conseguir escapar da execução, foi libertado na Áustria pelas tropas americanas em 1945. Quando escapou Werner se considerou “livre” chegou na Iugoslávia dominada por Marechal Tito, mesmo apoiando o comunismo, Werner era um judeu, logo, foi sempre visto e discriminado como um “outsider”.

Em tempos de um mundo cada vez mais conservador, em que valores fundamentalistas exalam em distintos níveis e ambientes, Werner nos fez enxergar o quão primitivo ainda somos.  Esta nossa capacidade de pensar o undo, de atribuir sentido à realidade e transmitir aos outros encontra-se desencontrada somos capazes de culpar uns aos outros por aquilo para o qual não temos uma resposta imediata. Culpabilizar os judeus para as crises econômicas na Alemanha foi a justificava mais anistórica que já vivemos sob a premissa de destruir e dizimar todos aqueles considerados racialmente inferiores.

A história ainda vive sua infância, aqueles que hoje ouviram estarrecidos os relatos de um sobrevivente dos campos de concentração certamente voltarão às suas casas incomodados. Não é possível ouvir e ver aquelas cenas de forma despercebida. O darwinismo social ainda tem muita força e acaba como justificativa para as arbitrariedades que ocorrem em todo o mundo, muitas das ações contra os imigrantes, os oriundos de países mais pobres, nos faz lembrar que a crença na superioridade racial ainda subsiste dentro da sociedade. Werner, o “Mágico de Auschwitz”, que aprendeu a fazer magia como mecanismo de escapar da completa desumanização, bem como fez o também sobrevivente Primo Levi que se suicidou, todavia, deixou seus escritos como uma forma de contar aos outros o que viveu, como ele mesmo disse não era uma maneira de expor e ressaltar novas denuncias, ao contrário, queria demonstrar as almas infectadas, que, coordenadas ou não, permanecem entranhadas na origem de uma pensamento violento, dentro de um sistema que estimula a competição e o individualismo. Enquanto isto existir nunca estaremos livres de fato, Werner finalizou sua fala dizendo que podemos voltar a viver um novo Holocausto em maior ou menor violência, porém enfatizou que façamos nos sempre gritar sem passividade, para que a aparente surdez comece a ouvir.

Publicado Originalmente em 


   

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Cursos Gratuitos Centro Paula Sousa


Dica de curso. 


A prefeitura de São Paulo junto com Centro Técnico Paula Sousa está oferecendo cursos a distância gratuitos, basta entrar no link abaixo a realizar a inscrição, não há muitas opções de cursos, mas para aqueles que estão parados e possuem internet e computador talvez valha a pena fazer o curso e melhor a possibilidade de conseguir um trabalho.


domingo, 22 de outubro de 2017

Futebol de Causas


Em meio a ditadura e a guerra colonial os estudantes da Universidade de Coimbra tiveram envolvimento neste luta por democracia, finada que restritos ao seu mundo estudantil o fato de se manifestarem em uma das maiores e mais antigas Universidades do mundo, tornou os estudantes mais adultos e historicamente envolvidos na luta pelo fim do autoritarismo. 

O documentário bastante interessante mostra o envolvimento do estudantes que jogavam na Associação Académica, time que representa a Universidade, lutou pela democratização em Portugal.

O fato é interessante partindo dos jogadores que eram também estudantes que demonstra o futebol para além de somente uma atividade recreativa. 


Crise de 69 - Osvaldo falando aos estudantes
Fonte - página Persona non grata pictures.




https://www.youtube.com/watch?v=by6AqacVw9I



Elaine Santos 

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Explicando Privilégios


Explaining social privileges

Elaine Santos.


Os privilegios sociais é algo bastante mencionado nos dias atuais, entre as classes sociais há distinções devido a desigualdade econômica e quando entendemos isto percebemos profundamente como o poder do dinheiro funciona nas nossas relações mais simplórias e nos nossos acessos. 
Este vídeo muito muito simples e didático demonstra bem como algumas pessoas já nascem em desvantagem em uma sociedade montada e assentada na fraude e suas camadas de mentira como dizia o sociólogo Jessé Sousa no seu livro a Ralé do Brasil. 
Reconhecer os privilégios é também uma forma de combater a meritocracia. 

Como o video está inglês a professora desta disciplina pode discutir com os alunos e abordar a aula neste contexto, bem como a professora de história pode partir da realidade norte americana dentro do seu capitalismo imperial mostrando quais são as desigualdades centrais deste país até chegar a América Latina no nosso continente. Acho que dá um bom projeto interdisciplinar acerca da meritocracia envolvendo três disciplinas tão fundamentais. 









segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Olaudah Equiano é lembrado pelo google.


Olaudah Equiano (1750-1797)

Elaine Santos

Equiano também é conhecido como Gustavus Vassal e foi um escravo que, aprisionado durante 11 anos foi levado da Nigéria aos Estados Unidos, onde compraria sua liberdade e mais tarde desempenhou papel importante no Movimento Abolicionista inglês.

Escreveu sua biografia em 1789 documento importante que é hoje um dos poucos testemunhos escritos pelo próprio escravo e já foi objeto de muitos estudos históricos e hoje já faz parte dos cânones reconhecidos da literatura afro-americana. Apesar de sua história de luta Equiano não deve ser lembrado como um herói, mas creio que deve ser lembrado e lido a partir de uma crítica ao período que foi genocida com a existência dos africanos e africanas, fato que se mantém sob diversos aspectos nas relações sociais até o dia de hoje. 

Fonte - http://www.english-online.at/history/slavery/life-of-olaudah-equiano.htm







quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Dia 12 de outubro este blog lembra do genocídio indígena


O dia 12 de outro de 1492 é marcado pelo início do genocídio contra os povos das Américas, o ano marcado pela chegada de Cristovão Colombo.

Não comemoramos genocídios!




Lenin Moreno anunciou sua maneira para recuperar a economia do Equador


O programa econômico como aritmética neoliberal.


Neste 11 de outubro Lenin Moreno, presidente do Equador, fez un anúncio das medidas com as quais pretende recuperar a economia. Desde o inicio de seu mandato o presidente fez diversos anuncios que teria assumido um país repleto de dívidas e problemas, algo que dizia não saber e destas declaração surgiu uma crise entre ele e seu companheiro de partido Rafael Correa, que tem dado diversas declarações desde a Bélgica, onde vive atualmente. O fato é que Lenin tem sido apoiado abertamente por setores da direita equatoriana, mesmo aqueles que eram contrários a sua eleição como é o caso do seu concorrente no segundo turno o banqueiro Guilherme Lasso. 

Entre as medidas propostas estão a eliminação de impostos às empresas que não alcancem 300mil dólares anuais (vale relembrar que o Equador foi dolarizado em 2000 em meio a severa crise econômica com o presidente Jamil Mahuad); também destacou que a partir de 2018 vão estabelecer novos tipos de contratos de trabalho sem detalhar como isto será realizado e estabeleceu um incremento no imposto de renda àquelas pessoas que recebem mais de 3000 dólares mensais.  

O presidente também reforçou a votação na alteração da Lei Da PlusValia que é a lei estabelece impostos maiores a grandes fortunas, segundo ele, isto atrapalha a geração de empregos porque não permite que os empresários possam apostar na empregabilidade uma vez que pagam muitos impostos. Também alega que a lei de PlusValia arrefeceu a construção, fato que é negado quando analisamos os dados dos ciclos de construção no país, que aumentaram. (dados disponíveis na página do INEC )  O programa econômico indicado pelo governo equatoriano são ajustes neoliberais realizados pela maior parte dos governos latino-americanos que vivem dos preços de commodities e sofrem quando os preços caem no mercado externo a polarização equatoriana piora a situação no caso do Equador, pois o país ainda fica mais vulnerável as flutuações da moeda.



Fonte: google 

Elaine Santos - Socióloga, Doutoranda em Sociologia no Centro de Estudos Sociais.




terça-feira, 10 de outubro de 2017

Equador ganha o premio de melhor país em desenvolvimento mineral reforçando o “gene” dos países colonizados como exportadores de natureza.




Ministro de Minas do Equador, Javier Córdova, recebendo o prêmio na noite de terça-feira dia 03 de outubro em Toronto  Foto: AFP/

La información y el contenido multimedia, publicados por la Agencia de Noticias Andes, son de carácter público, libre y gratuito. Pueden ser reproducidos con la obligatoriedad de citar la fuente.


Na premiação Anual de Minas e Dinheiro das Américas (Annual Outstanding Achievement Awards of Mines and Money Americas 2017) o Equador, este pequeno país em termos territoriais, todavia grande em riquezas naturais foi galardoado como uma grande nação mineradora. A premiação ocorreu em Toronto, Canadá. O país foi premiado como “explorador” do ano é outorgado àquele que se mostra mais atraente para investimentos relacionados a extração mineral.

A premiação, que foi notícia em muitos sites, também foi bastante criticada pelos equatorianos e pelos latino americanos que, de um modo geral, sofrem há séculos com o extrativismo predatório. Na internet não faltam notícias de comunidades no Equador que foram desapropriadas em nome do chamado “desenvolvimento” para políticos e empresários.

O que apareceu como uma premiação motivadora de orgulho, na realidade apareceu aos equatorianos como lástima. Qual a vantagem de se considerado um país com grande desenvolvimento mineral quando as exploradoras levam a maior parte dos lucros aos seus países de destino? quando o governo mantém vantajosos plano de interesses fiscais para que estas mesmas empresas continuem explorando sem limites? Uma das empresas Sogold[1] que está no país desde 2012 e que explora ouro na área de Cascabel, nas proximidades de Imbabura, região norte, falou por meio do seu representante que o Equador é o melhor país do mundo para realizar explorações. Obviamente que ele não mencionou os 70% de impostos que foram eliminados e que desencorajavam os investimentos estrangeiros no país. Por meio do projeto de Lei Orgânica de Incentivos Tributários[2] para vários setores produtivos aprovado por Gabriela Rivadeneira, Presidente da Assembleia em 2016 em caráter de urgência alterando a lei tributária interna como justificativa de garantir os direitos fundamentais da população.

Cabe ressaltar que após a exploração a natureza não se recupera e aqueles que estudaram minimamente o funcionamento do capitalismo sabem da impossibilidade de sua conciliação, enquanto sistema económico baseado no lucro, e o meio ambiente e sua diversidade. Logo, não existe racionalidade no capitalismo, o que pode ocorrer é uma extração “responsável” caso as comunidades afetadas diretamente em conjunto com a população equatoriana que vivem em ares urbanas e que são afetadas pela degradação ambiental, isto seria uma saída liberal ao modo Milton Friedman. Porém como afirma sabiamente Marques (2015), estes e muitos outros liberais que tentam convencer as empresas adotarem medidas mais “sustentáveis” nos seus processos produtivos prestam algum bem a sociedade, por outro lado, não nos enganemos o mercado continua em “autoexpansão” que é o cerne deste sistema.

Como afirmou Alberto Acosta em entrevista ao site “Pichincha Universal[3]” - Equador não é um país mineiro, os países ricos em recursos são países pobres, levamos mais de 500 anos exportando natureza, desde uma origem colonial que ainda se reproduz.

A América Latina é muito conhecida por suas riquezas naturais, entretanto, pouco faz uso desta benesse para transformar a matéria prima em algo virtuoso para a sociedade de uma forma geral, são países extrativistas apenas, não transformantes ou criadores de tecnologia. Ainda que criadores, limitados, pelas patentes e pelo capital imperialista que nos sobrepuja.

 Elaine Santos - Socióloga, Doutoranda do Centro de Estudos Sociais.


[1] Consultado a 07.10.2017 em  http://www.solgold.com.au/ecuador/

[2] O documento oficial pode ser consultado por meio deste link


Marques, Luis. (2015) Capitalismo e Colapso Ambiental. Editora Unicamp, SP.