domingo, 13 de agosto de 2017

No dia dos pais, as ausências.


O disparate de uma ateia.


Resolvi escrever este texto, porque, apesar da mercantilização dos nossos sentimentos nas datas comemorativas, dias dos pais, da mãe, dos coelhos, dos cães, enfim ...tudo aquilo que possa ser vendavel. Somos seres humanos e sentimos, então resolvi pensar nas ausência e naquilo que colocamos no lugar das coisas ou quando nos acostumamos a acreditar em mentiras que nos são contadas, mas que nos confortam. 


Fonte - google 

Se pensarmos bem há tantos que são criados pelos avos, que nunca conheceram seus pais, aqueles em que as mães assumiram sozinhas a criação e o sustento. Há ainda aqueles que não tem ninguém ou que mesmo tendo todos não os tem. É difícil pensar na realidade sem entreatos, mas quando assim é nos sentimos mais balsamicos em meio as dores, que não são poucas.  Os meus pais morreram faz menos de dois anos. Eu era muito próxima a eles, os conhecia profundamente em suas dores, seus dilemas seus afagos e ternuras, que, por vezes chegavam até mim disfarçados de um enfureço.  Ainda sinto assustadoramente suas ausências, receio que sempre sentirei. 

Angustia-me acreditar que aquilo que mais tínhamos em comum, o que tanto amava neles ainda existe em algum lugar dentro de mim, somos seres sociais, nossa primeira socialização é sempre familiar, seja esta formada como queiram. Em algum lugar, caso existissem, eu pediria somente 20 minutos, seria um abraço e uma conversa, daquelas que eu falava sem parar, apenas para contar as novidades, as notícias mais recentes. Ao meu pai as loucuras políticas, à minha mãe minha indignação diante de tudo. Sim mãe eu ainda não aprendi mentir a mim mesmo, acreditar que tudo vai mudar e dar certo! quando o fazemos a vida se torna mais fácil... ainda me lembro quando dizia isto, não penses tão negativo! Também aproveitaria o tempo para lembrar que ainda os amoE acabariam os 20 minutos.

Há uma parte de mim, por mais boba e infantil que pareça, que pergunta – onde eles estarão? Juntos, será? Por vezes e muitas, sonho que estamos a conversar e logo acordo assustada, como um sinal de atropelo impávido. Daí me recordo, eles morreram!

Os sonhos são mesmo reais, vejo meu pai ali a ler seu jornal no domingo pela manhã após buscar o pão quente para família, ele acordava as seis mesmo após sua aposentadoria, manteve o hábito da fábrica, transmitindo-me, ainda sem verbalizar, que o trabalho nos consome rotineiramente. Minha mãe a levantar em seguida e fazer o café encher uma garrafa, daquelas pretas que apertavam ao centro, a nossa era vermelha. Nunca entendi porque! rs

Todos os dias quando acordo, após estes sonhos, passo novamente por um luto abreviado, há qualquer coisa dentro de mim que me faz querer acreditar que estejam por aí embora eu mesmo considere tal hipótese um disparate. 

Por este motivo não dou risada das pessoas que conversam com seus entes nos seus túmulos, se as pessoas têm dificuldade com o estatuto daquele ser inexistente com quem conversam não sou eu quem as julgarei. Isto é diferente do que aceitar que alguém fale por sentimentos que só eu vivi, não será um terceiro a mediar esta relação ainda mais com informações nada verificáveis. Eu não converso com nada sobrenatural eu converso comigo e com aquilo que me foi deixado em consciência viva. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário