quinta-feira, 2 de março de 2017

O Filme Fences e as dores da comunidade negra.


Ao assistir o filme Fences  com a brilhante atuação de Denzel Washington  e Viola Davis, fiquei um tanto incomodada com a amargura e o sofrimento como as cenas elaboradas. Obviamente que é um filme bem realista que demonstra a vida e o cotidiano familiar de negros que vivem em um bairro simples nos Estados Unidos. O personagem principal Troy (Denzel) um homem frustrado por não ter sido o jogador com o talento que possuía, foi preso e quando solto se tornou coletor de lixo, até conseguir ser o motorista do caminho de lixo, sua grande vitória na vida, após muitas reclamações dentro da empresa. 

O filme não é nada leve e poético, como escrevem os grandes blogs relacionados ao cinema. Claro, tem a atuação de dois gigantes e isto é mesmo impressionante, mas, as questões tratadas são questões reais para a maioria dos negros do mundo. Assim sendo, é extremamente doloroso ser negro e assistir este tipo de filme, ele mexe com o que vivemos e acho que não merecemos passar duas horas a sofrer também em filmes. Os diálogos são agudamente cansativos e por outro lado não nos faz refletir sobre a condição em que tais relações são sucedidas, ou seja, o assunto principal, o racismo e suas decorrências, são   acolhidos de forma superficial, principalmente para o período em que o filme foi pensado 1950, quando os negros ainda eram tratados em quartéis separados dos brancos. (não que isto tenha mudado drasticamente)

Para além da dor a única coisa que fica do filme, a partir do desabafo da personagem representada por Viola, é que mesmo dentro de todos os limites que são impostos à comunidade negra ainda há possibilidades de escolhas, ou seja, ninguém retira o sujeito de si mesmo, somos também responsáveis por nossas escolhas, muitas vezes de maneira inconsciente ou condicionada, mas temos algum controle sobre isso. E para entender o quanto o tratamento das questões raciais em grandes filmes precisam ser cuidadosos  é necessário compreender as profundezas do sentido do ser negro no mundo. 





ES

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