domingo, 26 de março de 2017

Carne fraca, café com resíduos, o nome disso é capitalismo.



Após as últimas semanas conturbadas com o escândalo da carne brasileira, que mostrava carne bovina sendo exportada e vendida com prazo de validade vencido, mesclada com papelão e com adição de produtos que mascaravam a qualidade da carne para colocá-la no mercado sem a devida fiscalização.

De acordo com a Associação de Comércio Exterior (AEB) a indústria brasileira produz 10 milhões de carne e exporta o equivalente a US$ 490,9 milhões por ano (dados de 2016). A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) foi criada em 1979 e reúne 29 das maiores empresas do setor no país. As mesmas empresas que financiaram e financiam campanhas políticas o que lhes dá privilégios para chafurdar qualquer regra ou fiscalização imposta. A Annfa (Sindicato Nacional dos auditores fiscais federais agropecuários) declarou que muitas das indústrias agropecuárias no Brasil possuem 3 turnos e isto dificulta a fiscalização.
O governo tentou lançar ofensiva para reverter a questão económica que se encontrou abalada com tantos países a colocar em xeque a compra da carne brasileira. Entretanto, não há muitas pessoas discutindo seriamente os riscos para a população, afinal o que estamos comendo? Como ter mais acesso a uma melhor alimentação?




Há indícios que agora o mercado “vegano” deve crescer, mas a questão central é que nenhum produto está isento de agrotóxicos, hormônios e no mais os produtos considerados biológicos não acessíveis a maioria da população. Alimentação também possuí um carater de classe basta ver aqueles lutadores que se empenham arduamente na luta “contra a exploração animal” como causa central da democracia atual, claro que ninguém é a favor da tortura animal, entretanto, estamos em sociedade emancipada? Talvez sim...e eu perdi o processo revolucionário... porque me parece impossível assumir uma luta deste naipe, enquanto há indivíduos que não comem ou comem carne estragada.
Inclusive quando a única diversão destes indivíduos é comer, uma necessidade básica, quem conhece a cultura popular brasileira sabe bem que após uma semana de trabalho, de 40 horas de trabalho (ou mais) o único lazer do trabalhador brasileiro é o churrasco na laje com a família e amigos. Não há teatro, concertos e cinema, há sim o churrasco e eventualmente uma ida ao shopping (para aqueles que vivem em São Paulo, como eu).
Apostar em uma via de alimentação mais saudável como questão moral e anticientífico não é uma luta e sim uma postura individual, uma vez que o capitalismo e o aumento constante da produtividade têm um efeito nefasto na alimentação de todos, principalmente daqueles que mal conseguem escolher o que comer. Esconder-se da realidade de forma clandestina é o que faz a burguesia desde 1845 quando Engels já apontava para a vida alimentar dos trabalhadores.

"Aos trabalhadores resta o que repugna à classe proprietária. (...) Em geral, as batatas que adquire são de má qualidade, os legumes estão murchos, o queijo envelhecido é mau, o toucinho é rançoso e a carne é ressequida, magra, muitas vezes de animais doentes e até mesmo já em decomposição. (...) A carne vendida aos operários é intragável; porém, uma vez comprada, é consumida. (...) vende-se manteiga salgada como manteiga fresca, cobrindo-a com uma camada de manteiga fresca ou colocando uma libra de manteiga fresca para ser provada e, depois da prova, vendendo manteiga salgada ou, ainda, retirando o sal pela lavagem e apresentando-a como fresca. Ao açúcar, mistura-se farinha de arroz ou outros gêneros baratos, assim vendidos a preços altos; até mesmo resíduos de sabão são misturados a outras substâncias e vendidos no açúcar. Mistura-se chicória ou outros produtos de baixo preço ao café moído; ao café não moído, dando-se-lhes forma de grão, também se misturam outros artigos. Também é frequente misturar-se ao cacau uma finíssima camada de terra escura que, banhada em gordura de carneiro, deixa-se mesclar facilmente ao cacau verdadeiro. O chá vem misturado com folhas de ameixeira e outros vegetais, ou então folhas de chá já servidas são recuperadas, tostadas em alta temperatura sobre placas de cobre para que retornem a cor e vendidas em seguida. A pimenta é adulterada com cascas de nozes moídas etc. (...) E eu poderia citar mais uma dúzia delas - entre outras, a prática infame de misturar gesso ou argila à farinha" (Friedrich Engels, "A situação da classe trabalhadora na Inglaterra").


Filmes bons que tratam dessa questão

Food - que demonstra uma série de crianças que começam a ter problemas epidérmicos, após a a utilização de substâncias químicas em alimentos. 

O Veneno está na mesa - Documentário que coloca em xeque a atual produção de alimentos.




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