segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Alfange

Alfange
Neide Almeida


Não se cala uma mulher
com máscaras - nem de ferro, nem de flandres.
Sua verdade é lâmina afiada,
rompe todas as mordaças.

Não se cala uma mulher
com açoites, chicotes.
Sua indignação é veneno contra o feitor
bálsamo na carne dilacerada.

Não se cala uma mulher
com mãos e gritos de homens prepotentes
Sua palavra é lei, constituição
que denuncia e há de punir

Não se cala uma mulher
com golpes de botas, pau de arara ou palmatória.
Sua letra é fogo,
se inscreve na memória de todas nós.

máscara de flandres utilizada na escravidão.


Não se cala uma mulher
com a faca fria da indiferença
Sua presença é fortaleza
reinventada a cada geração.

Não se cala uma mulher
com voz de mando, em ilegítimos tribunais.
Somos muitas e, de cabeça erguida,
permaneceremos em desafio.

Não se cala uma mulher
com balas - nem de chumbo, nem de prata.
Seu silêncio verte-se em fúria, ventania
converte-se em poderosas tempestades.

Não se cala, uma mulher!

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