terça-feira, 10 de outubro de 2017

Equador ganha o premio de melhor país em desenvolvimento mineral reforçando o “gene” dos países colonizados como exportadores de natureza.




Ministro de Minas do Equador, Javier Córdova, recebendo o prêmio na noite de terça-feira dia 03 de outubro em Toronto  Foto: AFP/

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Na premiação Anual de Minas e Dinheiro das Américas (Annual Outstanding Achievement Awards of Mines and Money Americas 2017) o Equador, este pequeno país em termos territoriais, todavia grande em riquezas naturais foi galardoado como uma grande nação mineradora. A premiação ocorreu em Toronto, Canadá. O país foi premiado como “explorador” do ano é outorgado àquele que se mostra mais atraente para investimentos relacionados a extração mineral.

A premiação, que foi notícia em muitos sites, também foi bastante criticada pelos equatorianos e pelos latino americanos que, de um modo geral, sofrem há séculos com o extrativismo predatório. Na internet não faltam notícias de comunidades no Equador que foram desapropriadas em nome do chamado “desenvolvimento” para políticos e empresários.

O que apareceu como uma premiação motivadora de orgulho, na realidade apareceu aos equatorianos como lástima. Qual a vantagem de se considerado um país com grande desenvolvimento mineral quando as exploradoras levam a maior parte dos lucros aos seus países de destino? quando o governo mantém vantajosos plano de interesses fiscais para que estas mesmas empresas continuem explorando sem limites? Uma das empresas Sogold[1] que está no país desde 2012 e que explora ouro na área de Cascabel, nas proximidades de Imbabura, região norte, falou por meio do seu representante que o Equador é o melhor país do mundo para realizar explorações. Obviamente que ele não mencionou os 70% de impostos que foram eliminados e que desencorajavam os investimentos estrangeiros no país. Por meio do projeto de Lei Orgânica de Incentivos Tributários[2] para vários setores produtivos aprovado por Gabriela Rivadeneira, Presidente da Assembleia em 2016 em caráter de urgência alterando a lei tributária interna como justificativa de garantir os direitos fundamentais da população.

Cabe ressaltar que após a exploração a natureza não se recupera e aqueles que estudaram minimamente o funcionamento do capitalismo sabem da impossibilidade de sua conciliação, enquanto sistema económico baseado no lucro, e o meio ambiente e sua diversidade. Logo, não existe racionalidade no capitalismo, o que pode ocorrer é uma extração “responsável” caso as comunidades afetadas diretamente em conjunto com a população equatoriana que vivem em ares urbanas e que são afetadas pela degradação ambiental, isto seria uma saída liberal ao modo Milton Friedman. Porém como afirma sabiamente Marques (2015), estes e muitos outros liberais que tentam convencer as empresas adotarem medidas mais “sustentáveis” nos seus processos produtivos prestam algum bem a sociedade, por outro lado, não nos enganemos o mercado continua em “autoexpansão” que é o cerne deste sistema.

Como afirmou Alberto Acosta em entrevista ao site “Pichincha Universal[3]” - Equador não é um país mineiro, os países ricos em recursos são países pobres, levamos mais de 500 anos exportando natureza, desde uma origem colonial que ainda se reproduz.

A América Latina é muito conhecida por suas riquezas naturais, entretanto, pouco faz uso desta benesse para transformar a matéria prima em algo virtuoso para a sociedade de uma forma geral, são países extrativistas apenas, não transformantes ou criadores de tecnologia. Ainda que criadores, limitados, pelas patentes e pelo capital imperialista que nos sobrepuja.

 Elaine Santos - Socióloga, Doutoranda do Centro de Estudos Sociais.


[1] Consultado a 07.10.2017 em  http://www.solgold.com.au/ecuador/

[2] O documento oficial pode ser consultado por meio deste link


Marques, Luis. (2015) Capitalismo e Colapso Ambiental. Editora Unicamp, SP. 

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