quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Erving Goffman e as nossas mascaras do cotidiano. A vida como uma dramaturgia.



Livro - A apresentação do Eu na vida Cotidiana - 

                                              
O sociólogo canadense Erving Goffman (1922-1982) considerado um dos sociólogos mais influentes do século XX. Deu seu contributo para sociologia numa demonstração do individuo como alguém que se simula ator perante as relações e a partir do modo como se insere nelas. “Do seu lugar de fala e de ação”.

O autor afirma que vivemos como em um palco, em que tudo se mostra simulado, mas as coisas que surgem na vida real nem sempre conseguem ser bem ensaiadas (p.17). Entretanto, estamos sempre a tentar controlar o modo como os outros nos veem, por meio de uma rotina de comportamentos irrefletida. Em uma tentativa parecermos melhor do que de fato somos, como uma fachada de maneira regulada e fixa. Um governante por exemplo, comunica-se primeiro com o estatuto social, já um vendedor ambulante comunica-se primeiro com o que é socialmente considerado profano (p.35) ou o mentiroso em seu modo mais precário de comunicação.

Seu objetivo não é a generalidade e sim uma analise dos sistemas fechados, em esferas institucionais. (A prisão, o hospital, a loja, o supermercado, etc.) Exemplificando com algumas situações da vida real em que frente as situações os indivíduos se colocam sinceros, cínicos (quando possuem, prazer em mascarar-se) e nestes papéis nos reconhecemos (p.32). Na perspetiva sociológica e generalizante, o autor nos impede de ampliar a análise, uma vez que, por intencionar debater os comportamentos em ambientes fechados e com os papeis já atribuídos socialmente, se esquece da determinação social ali implicada, ou seja, o meio social do qual partimos e existimos, das instituições e dos limites ao qual somos submetidos desde que nascemos a partir dos nossos contatos e acessos.

Todavia, consciente do seu trabalho, Goffman utiliza o eu como imagem apenas para exemplificar o que chamamos de sociologia das relações, mas que possui préstimo maior aos estudiosos da psicologia na busca por explicações aos comportamentos humanos, de modo individualizado, primeiramente, beirando as vezes um certo determinismo. Só é possível analisar os indivíduos separadamente quando separamos todas as estruturas sociais, como faz o próprio autor quando divide, técnica- estrutura- política- cultura (p.281) e deste modo não é possível pensar na totalidade e nas implicações da nossa socialização realizada somente por meio de fragmentos.


ES 

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