terça-feira, 25 de outubro de 2016

Dormir é para os Fracos!!


Texto baseado no livro "24/7 - O Capitalismo e o fim do sono" de Jonathan Crary, 2014.




Diante desta máxima estive a ler o livro 24/7 do norte americano Jonathan Crary, professor  de arte moderna e teoria da arte, titulado "O capitalismo e o fim do sono". Fui surpreendida ao perceber que de fato uma das últimas ações biológicas e humanas que o capitalismo ainda não se apropriou completamente é o sono, o descanso. O sono é a única fragilidade humana que não foi roubada pelo capitalismo, o dano ao sono aparece como uma das últimas barreiras naturais a serem superadas. 

O livro de forma bastante esclarecedora relata como realizam os testes iniciados nos Estados Unidos a partir dos Pardais de Coroa Branca que, ao migrar do Alasca até o norte do México conseguem permanecer 7 dias em voo. A justificativa estadunidense para tal pesquisa, a principio, foi a busca por militares mais capazes de permanecer acordados durante os conflitos.  Entretanto, já admitem que as pesquisas em relação ao sono já se ampliaram e que o desempenho maquínimico da vida social regida pelo capital já está completamente inserido no nosso cotidiano. O sono passou a ser visto como perda é comum ver pessoas que acordam ao meio da noite para checar ou responder mensagens em seus telemóveis é o modo de dormir “pausado” ou como nos computadores “dormir” quando ele está semi-desligado ou em stand by.

A maioria das necessidades aparentemente irredutíveis da vida humana — fome, sede, desejo sexual e recentemente a necessidade de amizade — foi transformada em mercadoria ou investimento. O sono afirma a ideia de uma necessidade humana e de um intervalo de tempo que não pode ser colonizado nem submetido a um mecanismo monolítico de lucratividade, e desse modo permanece uma anomalia incongruente e um local de crise no presente global (p.11). As rotinas 24/7 podem neutralizar ou absorver diversas experiências de retorno desnorteadoras que poderiam virtualmente minar o caráter substantivo, bem como a identidade do presente e sua aparente auto-suficiência (p.15). 

ES

Veja a entrevista com o autor:
http://blogdoims.com.br/o-sono-contra-a-mercantilizacao-quatro-perguntas-a-jonathan-crary/



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