Atravessada sou
por mulheres que vieram
antes de mim
Suas sagas me perpassam
Assim fertilizo
o chão que piso descalça
Iluminada sou
por senhoras que agora,
no inverno da vida
recontam percursos de infância ausentes
Estremeço como roupa
ao vento no varal
e ocupo o ar
com aromas de água e sol
Liberta sou
pela força das mãos que, envelhecidas
brincam
com as marcas do tempo
como crianças que escavam
a umidade da terra
Moldo assim
meu próprio caminho
incerto destino
Banhada sou
por lágrimas
contidas com olhos ardentes
de mulheres que, mesmo quando choram,
miram firme o horizonte
cerram os dentes em desafio
Lavo nos rios de suas palavras
minha empáfia
e ressurjo outra
no negror de minha
própria pele.
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