Diante do quadro
político exposto de forma nevrálgica a burguesia dá uma resposta
revolucionária, colocar o Brasil no século XIX é a revolução reacionária, como
será? Não sabemos, mas certamente será rumo ao neopelourinho e à neocolônia. Os
trabalhadores têm medo, muitas das pessoas com as quais venho conversando pelas
redes sociais, na realidade e até em outros países, estão desmotivadas com a
possibilidade da mudança. Infelizmente a esquerda no seu não trabalho embasou
bem nossos inimigos, na sua perda de horizontes e principalmente no seu
afastamento do trabalhador comum e na sua aproximação de uma classe média
pífia, medíocre como diria o poeta uruguaio Benedetti referindo-se à classe
média
meio rica, meio culta entre o que crê ser e o que é media uma distância meio grande
Do meio mira meio mal os neguinhos os ricos os sábios os loucos os pobres
Se escuta um Hitler gosta mais ou menos e se um Che fala também
Em meio ao nada meio que duvida como tudo a atrai (a meias) analisa até a metade todos os fatos e (meio confundida) sai às ruas com meia panela então meio que chega a se importar com os que mandam (meio nas sombras) às vezes, só às vezes, se dá conta (meio tarde) de que a usaram como peão em um xadrez que não compreende e que nunca a converte em Rainha Assim, meio raivosa se lamenta (a meias) de ser o meio do que outros comem dos quais não consegue entender nem a metade.
Esta classe média sabe
que poucos dos seus vão morrer, vão ser torturados, estuprados e violentados, como já acontece na periferia. Algumas das vozes partidárias à esquerda, as
habituais vozes, fazem piada com o atual momento, por vezes até nos chamam de
burros, buscam saídas fora do país – sim, eles e elas podem pensar esta
possibilidade – a barbárie bate primeiro em nós na periferia, jovens, mulheres,
homens, gays que já morrem apenas pela sua existência em mundo que não nos
quer. Nossa existência é uma audácia, uma afronta, e entraremos em breve na
ressaca da incivilidade, onde nos colocaram? A palavra socialismo se tornou um
fetiche e não uma utopia necessária a quem sofre, muitos até a excluíram da
agenda, colocaram outros nomes que nada dizem quando há um vazio qualquer
discurso resolutivo é mais assimilável a nós.
As vozes de esquerda,
antes colada ao povo, as periferias, agora grita, mas não sabem como agir, conseguiram levar todos a descrença ou melhor, a crença que chegamos mesmo ao
fim da história, já não podemos pensar outro mundo, outra forma de vida, apenas
aceitar o que esta dado e tentar colocar um rosto menos pior na barbárie,
uma barbárie light. Enquanto isto a
burguesia responde bem à crise, que não é isolada, ela é mundial e resvala no
Brasil a partir da sua subordinação à metrópole, agora as grandes corporações controlam até as regras do jogo dentro do Estado, somos o paraíso da
especulação financeira, somos o país que matou mais que na Guerra da Síria[1]
durante o período de 2001 a 2015, momento em que estávamos sob um governo
chamado à esquerda. Nos encontramos em um mosaico e há diversas opções abertas
e não bastará uma visão crítica, mas um posicionamento muito bem definido, a
burguesia está lúcida, aliás muito e vão nos retirar tudo. O velho sistema agoniza
e já sabemos o novo que surgirá, todos e todas a serviço do sistema
mercadológico fingindo uma falsa oposição, só nos restará a consciência que
pagaremos com nossas vidas sempre comparadas a querelas insignificantes. Quem
se incomoda com Babiy? Com o mecânico preso por engano Luis Felipe? Quem vai
responder as mortes inclusive a de Marielle e Anderson? Quem se lembra da
Cláudia Ferreira arrastada pela polícia? Onde está a família do adolescente
Marcos garoto de 14 anos morto pela polícia? E todos os policiais que também
morrem? Somos números para qualquer exibição e a nossa luta vai muito além do
amor e do ódio ao PT, não há saída fácil e nos sabemos da nossa capacidade de
grandes sacrifícios quando percebemos o que está em jogo, resta esclarecer
antes de sermos fuzilados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário