terça-feira, 13 de junho de 2023

13 de Junho, dez anos depois

O texto a seguir foi escrito em junho de 2013, no auge das manifestações que tomaram as ruas do Brasil. Publico este relato em meu blog com o intuito de manter viva a percepção daquele momento político e social brasileiro.

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Acabamos de chegar da manifestação na Avenida Paulista e retomamos o cenário que presenciamos exatamente há uma semana, quando todos estavam lutando por um objetivo comum: a redução da tarifa. E não, não é somente por 20 centavos; na verdade, é contra a violência que o capital promove diariamente. Tomamos bombas, tivemos enfrentamentos com a tropa, mas vimos uma juventude disposta a lutar.

Nas últimas manifestações, dada a comoção nacional ante os abusos da força policial, o que notamos foi uma mudança de paradigma, momento no qual a direita se colocou e claramente se apropriou de um senso comum, enfatizando uma luta ufanista, um nacionalismo exacerbado. O que vimos hoje foi um ato cívico fascista disputando pautas diversas e conflitantes. Dentre elas, o fim da corrupção e a redução de impostos, sem considerar as bases que conduzem a tais contradições e desigualdades. Por outro lado, partidos políticos com histórico de luta (ainda que possuam limitações para o que pensamos e queremos de uma esquerda) foram hostilizados, tiveram bandeiras queimadas e foram expulsos de um ato que deveria trazer à baila um objetivo comum e que agora oportuniza apenas a universalização de interesses particulares, os interesses de uma extrema direita em sua retomada.

Por fim, após a expulsão, o que acompanhamos foi um movimento da "esquerda" em uma tentativa de unificação combativa a este pujante levante de uma juventude despolitizada e dispersa, que aparenta reproduzir um discurso moralizante, que se indigna, mas não apregoa mudanças reais e efetivas.

Não há pressa política e nem espaço para isto na imediaticidade. Mas, para aqueles que anseiam uma transformação nas bases sociais, se faz urgente repensar suas ações e posições diante de tudo que estamos vivenciando, sem distanciamentos (teoria e prática), retomando as questões concretas e buscando respostas na história.

Caroline Rodrigues  
Elaine C. S. dos Santos  
Flavia Bigai

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