quarta-feira, 2 de agosto de 2017

empoderamento: crítica e reflexões


Sou explorada, mas sou empoderada! 

Porque eu não costumo usar este termo?


Sempre que há algum debate sobre a questão da mulher, há alguém que foca o debate no termo "empoderamento", insinuando que as mulheres são ou devem lutar para ser protagonistas de si mesmas, poderosas. Nunca usei tal termo porque sou um pouco chata com as formas como determinados conceitos e termos são banalizados ou renomeados para servir ao que parece ser o modismo, o debate do momento.

Para mim, empoderamento sempre soou como individualismo, e a partir disso comecei a ler algumas coisas para entender como esse conceito era empregado nos debates. Como uma mulher sozinha pode se sentir poderosa por determinada ação? Penso sempre nas mulheres negras, base da sociedade capitalista, que são empoderadas porque assumiram usar black, mas continuam sendo as que ganham menos na sociedade, as mais violentadas e as que mais morrem. Claro, assumir sua negritude é um ato de força e afirmação, principalmente em uma sociedade racista, mas é uma liberação individual. Se a luta das mulheres é uma luta individual, ela deixa de ser libertadora e entra nos limites do capital, ou seja, desde que eu tenha "poder", as outras não me importam.

Desde então, tenho percebido que tudo virou razão para ser considerada poderosa e como são úteis ao capitalismo tão flexível e funcional às mudanças. Uso salto, sou sexy, uso roupas de marca; no extremo da contradição, tenho uma empregada, sou empoderada!

Não dá! A sociedade não é composta por indivíduos isolados, somos seres sociais, nos humanizamos nas relações. Pensar individualmente em um poder que só faz sentido para mim é não perceber que estamos em uma sociedade onde as desigualdades existem e as opressões se colocam a partir dessa questão. Além disso, ser empoderada quando estamos dentro da régua que mede o mundo é muito fácil. Se é branca, magra e rica, super empoderada, nasceu assim! Isso evidencia a falta de compromisso de muitas pessoas em sair de seu lugar e pensar em uma sociedade mais justa para todos. Tais ideias dentro do feminismo só servem para legitimar a ideologia individualista e fugir de uma luta libertadora como centralidade. Quando foge demais do debate político-econômico, a luta das mulheres entra nessa celeuma do lustre neoliberal. Por outro lado, quando as mulheres estão voltadas para a construção de outra sociedade, temos um cenário solidário que emerge, o qual é um contraponto ao empoderamento de uma e ao rebaixamento de várias.





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