Livro - A apresentação do Eu na vida Cotidiana -
O
sociólogo canadense Erving Goffman (1922-1982) considerado um dos sociólogos mais
influentes do século XX. Deu seu contributo para sociologia numa demonstração
do individuo como alguém que se simula ator perante as relações e a partir do
modo como se insere nelas. “Do seu lugar de fala e de ação”.
O
autor afirma que vivemos como em um palco, em que tudo se mostra simulado, mas
as coisas que surgem na vida real nem sempre conseguem ser bem ensaiadas (p.17).
Entretanto, estamos sempre a tentar controlar o modo como os outros nos veem,
por meio de uma rotina de comportamentos irrefletida. Em uma tentativa parecermos melhor do que de fato somos, como uma fachada de maneira regulada e fixa.
Um governante por exemplo, comunica-se primeiro com o estatuto social, já um
vendedor ambulante comunica-se primeiro com o que é socialmente considerado
profano (p.35) ou o mentiroso em seu modo mais precário de comunicação.
Seu
objetivo não é a generalidade e sim uma analise dos sistemas fechados, em
esferas institucionais. (A prisão, o hospital, a loja, o supermercado, etc.) Exemplificando
com algumas situações da vida real em que frente as situações os indivíduos se
colocam sinceros, cínicos (quando possuem, prazer em mascarar-se) e nestes
papéis nos reconhecemos (p.32). Na perspetiva sociológica e generalizante, o autor
nos impede de ampliar a análise, uma vez que, por intencionar debater os
comportamentos em ambientes fechados e com os papeis já atribuídos socialmente, se esquece da determinação social ali implicada, ou seja, o meio social do qual
partimos e existimos, das instituições e dos limites ao qual somos submetidos
desde que nascemos a partir dos nossos contatos e acessos.
Todavia,
consciente do seu trabalho, Goffman utiliza o eu como imagem apenas para
exemplificar o que chamamos de sociologia das relações, mas que possui préstimo
maior aos estudiosos da psicologia na busca por explicações aos comportamentos
humanos, de modo individualizado, primeiramente, beirando as vezes um certo
determinismo. Só é possível analisar os indivíduos separadamente quando separamos
todas as estruturas sociais, como faz o próprio autor quando divide, técnica-
estrutura- política- cultura (p.281) e deste modo não é possível pensar na
totalidade e nas implicações da nossa socialização realizada somente por meio
de fragmentos.
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